Preços recordes melhoram margens da cadeia, mas assustam consumidor
20-07-2022 09:15:08 Por: CILeite. Foto: istock
O leilão mais recente do Global Dairy Trade (GDT), ocorrido em 05 de julho, registrou nova queda nos preços médios de lácteos(-4,1%), mas se mantiveram em patamares elevados (US$ 4,360/ton.). Leite em pó e leite desnatado foram comercializados a US$ 4.064/ton. e a manteiga a US$ 5.648/ton.
Já no Brasil, a taxa de câmbio tem se mostrado volátil, com a curva da cotação do dólar comercial formando dois vales em torno de R$ 4,64 e dois picos de R$ 5,39 uma banda muito larga para um período de noventa dias (05 abril a 05 de julho). Este comportamento oscilante inibe a importação, dada a imprevisibilidade do preço final, que é cotada em Reais, mas influenciado pela cotação do Dólar. No primeiro semestre deste ano o Brasil importou somente 65,9% da quantidade importada em igual período do ano anterior.
Em junho, os lácteos foram destaque na grande mídia, em função do forte e abrupto crescimento dos preços, ocorrido em poucos dias. O gatilho foi a divulgação pelo IBGE, na segunda semana de junho, da queda de 10,3% na captação de leite pelos laticínios, numa comparação entre o primeiro trimestre deste ano e de 2021. A escassez de oferta, que já era sentida, ficou materializada e suplantou a retração da demanda, que já vem ocorrendo desde abril, num ambiente em que o poder aquisitivo dos salários vem caindo.
No varejo, a inflação, medida pelo IPCA, acumulou 5,49% neste primeiro semestre do ano, enquanto o grupo Leite e Derivados teve elevação de preços quatro vezes maior e atingiu 22,38%. O Leite UHT acumulou variação de 41,77% em seis meses, ou sete vezes mais que a inflação do período. Queijos e Leite em Pó tiveram comportamento de preços próximos do IPCA semestral e foram de 10,36% e 7,53%, respectivamente.
Os preços no atacado atingiram cotações históricas. Os valores médios negociados ultrapassaram a barreira dos 20% de crescimento, considerando-se somente a segunda quinzena de junho. O litro do Leite UHT foi comercializado na primeira semana deste mês de julho a R$ 6,50 e o quilo do Queijo Mussarela R$ 43,28. O leite no mercado spot foi comercializado a R$ 4,16. Todos, com viés de alta.
A escassez de leite fez os preços recebidos pelo produtor crescerem no mês de junho, recuperando pequena parte das margens perdidas nos últimos meses e, neste primeiro semestre, cresceram 45,78%, de acordo com o CEPEA/USP, em valores nominais. Quando deflacionados pelo ICPLeite/Embrapa, os preços reais registraram um crescimento de 12,01%.
Em meio ao crescimento generalizado de preços ao longo da cadeia, o custo de produção caminhou em sentido contrário e retraiu em junho. De acordo com o ICPLeite/Embrapa, houve uma deflação de 2,6% no mês, puxada pela queda nos custos de alimentação (rações e volumosos). No primeiro semestre acumulou crescimento de 2,5%, ou menos da metade do IPCA no período, e cerca de quase dez vezes menos que o conjunto do grupo Leite e Derivados, e vinte vezes menos que a elevação de preços do Leite UHT. Vale registrar que os custos de produção continuam em patamares históricos elevados.
Para o segundo semestre a expectativa é que os preços encontrem um ponto de equilíbrio para cada elo da cadeia. Neste mês de julho os preços de trigo, soja e milho estão com tendência de queda de preços na bolsa de Chicago e os combustíveis caíram de preço no mercado interno. Isso deverá reduzir a pressão sobre os custos de produção. O preço ao produtor deverá recuar, como sempre ocorre no segundo semestre. Neste momento, há produtores recebendo o equivalente a US$ 0,80 por litro produzido. A tendência é de alguma aceleração das importações devido à competitividade atual do produto importado. A criação de novos empregos e a injeção de cerca de R$ 42 bilhões na economia, dinheiro novo aprovado no Congresso, deverão estimular o consumo de lácteos.
As informações são do CILeite.