Modo de fazer o QMA pode ser reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade
03-10-2022 13:12:04 Por: Flávia Freitas, Emater-MG. Foto: Emater-MG
A candidatura dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Imaterial da Humanidade foi oficializada no último sábado (24.09), em Belo Horizonte (MG). O ministro do Turismo, Carlos Brito, recebeu o requerimento para a inscrição na lista representativa Unesco, durante o Festival do Queijo Artesanal de Minas, na capital mineira. O documento entregue ao ministro foi assinado pelo diretor-presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), Otávio Maia e pela secretária-adjunta de Estado de Cultura e Turismo, Milena Pedrosa. Representando a Associação Mineira dos Produtores de Queijos Artesanais de Minas Gerais (Amiqueijo), o vice-presidente José Ricardo Ozório também participou da assinatura.
O diretor-presidente da Emater-MG, Otávio Maia, reafirmou o empenho da empresa na campanha pelo reconhecimento internacional do queijo mineiro. “A Emater-MG ao longo de décadas sempre trabalhou para melhorar qualidade do Queijo Minas Artesanal (QMA) em todas as regiões produtoras do estado, tendo como premissa, a preservação do modo de fazer passado de geração para geração. Essa chancela vai agregar valor, além de projetar mundialmente esse produto tão importante para Minas Gerais”, afirma Otávio. “Quando nós falamos que temos o melhor queijo do mundo, que sai aqui de Minas Gerais, nós também temos o melhor produto do mundo. Esse produto é o Brasil”, enalteceu o ministro Carlos Brito.
Para o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Thales Fernandes, a candidatura é justa e representa, por si só, um momento de vitória. “Para nós mineiros, essa já é uma grande conquista. O Queijo Minas Artesanal passou por um longo processo de legalização, de discussão entre os setores produtivos e as entidades públicas, junto a todas as cadeias do segmento, para chegarmos a esta qualidade mundialmente reconhecida”, explica.
Tradição de Minas - O Queijo Minas Artesanal é fabricado desde o século XVIII e reúne conhecimento passado entre gerações e características muito próprias. “O legítimo QMA caracteriza-se pela produção a partir do leite produzido na própria fazenda. Ele é feito com leite cru, coalho, pingo (líquido a base de resquício de soro salgado), salga seca, prensagem manual e tempo de maturação de acordo com a região produtora”, explica o gerente do Departamento Técnico da Emater-MG, Milton Nunes.
Para preservar essa tradição e garantir a qualidade do queijo produzido, a Emater-MG desenvolve várias ações dentro do Programa Queijo Minas Artesanal, da Secretaria de Estado de Agricultura. “A Emater-MG orienta os produtores na adoção de boas práticas agropecuárias e de fabricação, e assessora no processo de legalização das queijarias. A empresa também trabalha na caracterização de novas regiões produtoras, além de promover concursos para valorizar a iguaria e aproximar o aproximar os produtores do mercado consumidor”, comenta a coordenadora estadual de Queijo Minas Artesanal da Emater-MG, Maria Edinice Rodrigues..
Patrimônio imaterial - Em 2002, o modo de fazer do queijo minas artesanal foi reconhecido na região do Serro pelo Iepha, sendo o primeiro bem cultural registrado por Minas Gerais como patrimônio imaterial. No ano de 2008, o Modo Artesanal de Fazer o (QMA) foi reconhecido nacionalmente pelo Iphan, contemplando as regiões do Serro, Serra da Canastra e Serra do Salitre. O parecer do instituto a respeito do processo destacou o papel dos profissionais da Emater-MG na ação. “A Emater-MG, além de fornecer assistência técnica aos produtores da região, passou a desenvolver estudos, buscando agrupar os municípios produtores do Queijo Artesanal circunscrevendo-os em regiões de acordo com as características técnicas, orgânicas e de consumo do produto”, diz o documento.
No ano passado, com a revalidação do Registro pelo Iphan, o bem cultural teve seu título alterado para Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal, ampliando o território de abrangência do Registro para as regiões identificadas pela Emater-MG, como produtoras do Queijo Minas Artesanal: Araxá, Campo das Vertentes, Serra do Ibitipoca, Triângulo Mineiro, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça e Cerrado – além das três inicialmente reconhecidas com o título de Patrimônio Cultural do Brasil, em 2008. O Queijo Minas Artesanal também pode ser produzido em qualquer outro município do estado, desde que dentro dos parâmetros estabelecidos no regulamento próprio.
A candidatura sugerida pelo Iphan vem sendo trabalhada em parceria com o governo de Minas Gerais e o apoio da sociedade civil. Essa ação conta com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), da Secretaria Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). O pedido de candidatura a Patrimônio Imaterial da Humanidade será encaminhado ao Iphan, que aguardará o envio do dossiê produzido pelo Governo de Minas Gerais para realizar as tratativas em âmbito internacional junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
As informações são do Emater-MG.