Custos de produção da atividade leiteira têm leve alta, mas margens seguem positivas
22-08-2024 15:07:11 Por: Victoria R. Paschoal e Sérgio P. Lima. Boletim do Leite Cepea. Foto: Amber Kipp/Unsplash
Mesmo com a elevação dos custos de produção da atividade leiteira de junho para julho, as margens do pecuarista continuam positivas, devido ao aumento nas cotações do leite.
Em julho, o Custo Operacional Efetivo (COE) subiu 0,62% frente ao mês anterior, na “média Brasil” (bacias de BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS). Esta é a terceira alta consecutiva dos custos de produção; no entanto, na parcial do ano, o COE acumula recuo de 0,68%.
A alta dos custos, porém, não reduziu a margem do produtor. Com o preço do leite também em ascensão pelo sexto mês consecutivo, a margem bruta do pecuarista avançou 3,93% - passando de R$ 0,82/litro em junho para R$ 0,85/l em julho, considerando-se a “média Brasil”. Os cálculos são do Cepea em parceria com a CNA, tomandose como base propriedades típicas amostradas no projeto Campo Futuro.
Os custos com ração subiram 0,10% na “média Brasil” em julho, refletindo a valorização do farelo de soja observada nos últimos meses. Ainda assim, o preço da ração segue 3,87% mais barato no acumulado do ano na “média Brasil” frente ao mesmo período do ano passado. Os valores da suplementação mineral registraram aumento de 1,13% na “média Brasil”, devido à demanda firme nesta época do ano, por conta da menor disponibilidade de forragem em boa parte do Brasil.
No segmento de medicamentos, os preços de antibióticos, antimastíticos, medicamentos em geral e produtos de controle parasitário avançaram de um mês para o outro.
Segundo agentes de mercado consultados pelo Cepea, os aumentos estiveram associados às renovações de estoques nas casas agropecuárias, realizados sob patamares de preços mais elevados (devido à valorização de alguns princípios ativos e também ao efeito do câmbio desvalorizado). Além disso, alguns colaboradores relataram a baixa oferta da vacina contra a brucelose, o que deve se ajustar nos próximos meses.
O mercado de adubos e corretivos avançou pelo terceiro mês consecutivo, com elevações de 1,32% em julho e de 2,77% nos últimos três meses, influenciadas pela alta do dólar frente ao Real. Já na parcial deste ano, a baixa é de 3,12%. Os preços de defensivos agrícolas, por sua vez, permaneceram estáveis em julho.
Com aumentos repassados pelas distribuidoras, os preços do combustível subiram 2,01% em julho, tornando as operações mecânicas mais caras para o produtor. Quanto ao movimento no mercado de máquinas e implementos agrícolas, seguiu lento em julho. A insatisfação de agentes com os recursos financeiros disponibilizados pelo Plano Safra 2024/25 e os preços das commodities ainda em baixa influenciaram na lentidão.
Relação de troca – Devido à queda no preço do milho e à valorização do leite ao produtor em junho, o poder de compra do pecuarista leiteiro seguiu em alta em junho/24. No mês, foram necessários 21 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do grão, 3,18% a menos que no período anterior e abaixo da média dos últimos 12 meses, de 26,6 litros/sc.
As informações são do Boletim do Leite Cepea.