Expectativas sobre a safra de soja 2021/22 na América do Sul
24-01-2022 09:08:03 Por: Felipe Fabbri, Scot Consultoria
Em 12 de janeiro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou o relatório de oferta e demanda mundial de grãos 2021/22, com revisão para baixo na produção na América do Sul. Após uma semeadura sem problemas entre setembro/outubro no Brasil, o clima na região Sul da América do Sul pesou no desenvolvimento das lavouras, com regiões onde a estiagem persiste por mais de trinta dias.
Com relação à soja, houve revisão para baixo da produção brasileira, estimada em 139 milhões de toneladas no ciclo atual, em fase de colheita, frente às 144 milhões de toneladas estimadas no relatório anterior (dezembro/21) e às 138 milhões de toneladas colhidas na safra passada (2020/21).
No caso da Argentina, a falta de chuvas em regiões produtoras também levou à revisão para baixo da produção esperada no ciclo atual. O USDA estimou 46,5 milhões de toneladas em 2021/22, frente 49,5 milhões de toneladas previstas no relatório divulgado em dezembro. Na safra passada (2020/21), a Argentina colhera 46,2 milhões de toneladas de soja (USDA).
Ainda com relação à produção na Argentina, a Bolsa de Comércio de Rosário também reduziu as expectativas para a safra atual no país, estimada em 40 milhões de toneladas, frente às 44 milhões de toneladas previstas anteriormente e às 43,1 milhões de toneladas colhidas no ciclo passado.
Conab - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou em 11/1 o quarto levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos 2021/22. Com relação à soja, a produtividade média foi revisada para baixo em 1,7%, frente às estimativas de dezembro, enquanto a área foi ligeiramente revisada para cima, em 0,1%.
Com isso, estão previstas 140,5 milhões de toneladas do grão na temporada atual, em fase de colheita. O volume é 1,7% menor que o estimado anteriormente e 2,3% acima das 137,32 milhões de toneladas colhidas na safra passada (2021/22), recorde até então.
Mercado - Os preços subiram no mercado brasileiro em janeiro (19/1), acompanhando as valorizações do dólar frente à moeda brasileira. Além do dólar, a situação das lavouras (safra 2021/22), a exportação em volume recorde em 2021, o forte ritmo dos embarques em dezembro, e manutenção desse desempenho no começo de janeiro/22, com aumento de 4.921,8% na média diária embarcada em relação à média de janeiro/21, explicam a sustentação dos preços do grão.
Em Paranaguá-PR, a referência chegou a R$181,00 em 12 de janeiro, mas recuou para R$178,00 por saca de 60 quilos (18/1), com o dólar perdendo força no final da segunda semana do mês. Para o curto e médio prazos, o câmbio e o desenvolvimento da colheita são os principais fatores na precificação do grão no mercado interno. O clima, até o momento, não pesou sobre as lavouras no Centro-Oeste, que estão com bom desenvolvimento, e com a colheita iniciada no Mato Grosso, principal produtor.
Revisões para baixo na produção brasileira e América do Sul não estão descartadas, que somadas ao câmbio (desvalorização do real) e ao ritmo aquecido das exportações nesse início de ano, mantém o viés de alta para as cotações no mercado brasileiro.
As informações são do Scot Consultoria.