Bioinsumos viram substitutos estratégicos na crise sustentável
28-01-2022 10:44:52 Por: Michelle Valverde, Diário do Comércio. Crédito: Francisco Rezende/Embrapa.
A crise dos insumos agrícolas vem gerando grande receio no agronegócio brasileiro. As altas substanciais registradas nos preços desde o início da pandemia de Covid-19 e a possibilidade de falta de produtos da cadeia de insumos, fertilizantes e defensivos têm deixado os produtores em alerta e estimulado a demanda por alternativas. Diante do desafio, especialistas ressaltam que é importante o produtor adotar soluções disponíveis para mitigar a falta de insumos para a agricultura nas próximas safra de forma sustentável.
Além dos investimentos na qualidade do solo, como meio de aumentar a produtividade, o mercado de insumos biológicos pode ser uma boa alternativa, já que potencializa o manejo tradicional. O assunto foi tema de debate ontem na live “Soluções para driblar altos preços e falta de insumos agrícolas”, organizada pela Microgeo e Pecege.
O diretor de pesquisa da empresa especialista em estudo de mercado global em saúde animal e agricultura Kynetec, Millôr Mondini, explica que a possibilidade de faltar insumos para a próxima safra é grave, uma vez que o Brasil tem alta dependência dos produtos importados. Além da falta, o custo, com a oferta restrita, está alto e impacta a produção nacional.
“O custo de produção brasileiro depende dos insumos agrícolas. Para se ter ideia, os custos com defensivos respondem por cerca de um terço do total, fertilizantes e corretivos quase 30%, sementes e tratamento de sementes, 11%. Ou seja, em torno de 60% do custo de produção depende de insumos agrícolas”.
Ainda segundo Mondini, a alta dependência é uma preocupação, pois a crise energética enfrentada na China e na Rússia, grandes produtores de insumos, tem impactado a produção. Além disso, os países têm limitado os embarques, priorizando o abastecimento interno, gerando a possibilidade de faltar insumos para a próxima safra. Outro desafio enfrentado é o frete marítimo, que registra falta de contêineres e preços dez vezes mais caros.
“Diante deste cenário, é importante que o produtor busque por produtos alternativos para compor a cesta de ferramentas para o manejo. O produtor está mais aberto ao uso de novas ferramentas, sejam insumos ou outras formas para nutrir as as culturas”, destaca.
O gestor de projetos de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas da Pecege, João Rosa, explica que, apesar do aumento dos custos de produção, o produtor precisa investir para que possa explorar o máximo do potencial dos insumos e das plantas, assim, pode reduzir a necessidade de grandes volumes de fertilizantes, por exemplo.
Cana-de-açúcar - No caso da cana-de-açúcar, segundo ele, apesar da alta dos insumos, o preço da tonelada de cana também subiu e a maior parte dos produtores tem condições de investir para ter ganho em produtividade.
“A tendência é de bons preços para a cana nos próximos anos. Então, é interessante investir agora em meios para ganhar produtividade. A maior parte dos produtores está capitalizada, o momento é de preços bons para a cana”, afirma.
Para Luiz Gustavo Floss, diretor do Grupo Floss, grupo técnico de consultoria agrícola, para que o produtor rural minimize os impactos do aumento dos custos com insumos e até mesmo a falta é preciso investir para que se tenha aumento da produtividade, que, na produção de grãos, tem espaço para crescer.
“É possível ampliar o potencial produtivo que temos hoje. Isso acontece quando se usa boa genética e insumo de qualidade. Também é importante investir na qualidade do solo, analisando as demandas e corrigindo para se ter o equilíbrio físico, químico e biológico”, reforça.
Equilíbrio do solo - Ainda segundo Floss, para ajudar no equilíbrio do solo é importante o uso do plantio direto, mas feito da forma correta, da rotação de culturas de forma bem planejada e analisando as necessidades do solo.
A adubação adequada também é fundamental. “É preciso usar parâmetros de aplicação conforme a condição do solo, que deve ser bem cuidado para demandar menos volume dos adubos. Adotar medidas para maximizar o potencial dos adubos também é interessante para melhores resultados”.
O uso de produtos microbiológicos também é uma alternativa. “Os microorganismos são importantes para ajudar a ter mais nutrientes para as plantas. Um dos produtos é o Microgeo, que aumenta a presença de microrganismos no solo, dando melhores condições para as plantas e resultando em incremento de produtividade”.
Adubo biológico é essencial em safras desafiadoras - O diretor de Marketing da empresa de biotecnologia Microgeo, Caio Suppia, explica que a adubação biológica é fundamental em safras desafiadoras. “O Brasil está se propondo a ser celeiro do mundo, mas é dependente de importação de insumos de outros países. Não temos matéria-prima e, por isso, é importante ter alternativas para reduzir a dependência, como os produtos biológicos”.
Ainda segundo Suppia, o Microgeo pode ser a solução para o produtor. O Microgeo é um componente que nutre, regula e mantém a produção contínua do adubo biológico. Permite ao agricultor manter a produção de seu próprio adubo biológico através do Processo de Compostagem Líquida Contínua (CLC), na Biofábrica CLC, que é instalada em cada propriedade.
“O adubo biológico fica na propriedade e faz conexão do solo com a planta através dos micro-organismos, o Microgeo tem essa proposta. O diferencial de resposta é que a produção está na fazenda e o adubo biológico gerado é adaptado para as características locais. Ele promove a recomposição da biodiversidade em larga escala”.
A maior diversidade de microrganismos no solo cria competição e reduz doenças e pragas. Além disso, o adubo biológico ao atingir as folhas atua no sistema imunológico da planta, que fica mais bem preparada para enfrentar a infestação de pragas e doenças. A melhor nutrição também a deixa mais preparada para as adversidades do clima.
“O resultado é uma melhor produção, com alta produtividade e lucratividade”, diz o diretor do Grupo Floss, Luiz Gustavo Floss.
As informações são do Diário do Comércio.