Ferramenta Controle Leiteiro aumenta a qualidade e a produção
29-03-2022 09:22:46 Por: Roberto Monteiro, IDR-Paraná.
O controle leiteiro é uma ferramenta que pode melhorar a produtividade do rebanho e aumentar o rendimento do produtor. Com a sua adoção é possível ter uma ideia exata da situação dos animais, dos problemas que afetam o plantel, bem como as soluções ao alcance do criador. Em Ivaí, um produtor acompanhado pelo IDR-Paraná conseguiu dobrar a receita bruta mensal da atividade leiteira em seis meses. Além disso, as práticas adotadas no manejo dos animais resultaram em um leite de melhor qualidade e mais valorizado pelo laticínio.
O zootecnista Raphael Moreira, do IDR-Paraná de Ponta Grossa, explicou que o controle leiteiro consiste em pesar o leite da ordenha e coletar uma amostra, por vaca, na propriedade. Assim, é possível conseguir informações como o porcentual de gordura e de proteína do leite. Com essa análise também é possível detectar o número de células somáticas (CCS), que podem indicar a ocorrência de infecções do úbere do animal ou o teor de ureia no leite. "Com o uso dessa ferramenta o produtor tem um raio-x da situação dos animais, agindo de forma assertiva nos problemas da propriedade", ressaltou Moreira.
A propriedade de Ricardo Alexandre Marques é uma Unidade de Referência (UR), assistida pelo IDR-Paraná. O produtor mantém 14 vacas em lactação, numa área de 18,30 hectares, e uma produção diária de 400 litros de leite. Ele passou a ser acompanhado mais diretamente pelo extensionista Marcelo Nass desde agosto do ano passado.
Os bons resultados com a aplicação do controle leiteiro logo apareceram. Em agosto do ano passado a produção era de 6.008 litros mês. Em janeiro deste ano, o volume chegou a 12.225 litros mês. Com isso a receita bruta mensal da propriedade, que era de R$ 12.644,74, chegou a R$ 26.615.05 no primeiro mês deste ano. Nass explicou que a alimentação mais adequada dos animais foi responsável por esse aumento da produção.
Outro ponto importante é o cuidado com a saúde do úbere dos animais, ou seja, a verificação da ocorrência de inflamações dos tetos das vacas, a mastite. Uma das formas de detectar o problema é por meio da Contagem de Células Somáticas presentes nas amostras de leite. Pela Instrução Normativa 76, do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) as amostras devem apresentar um índice menor que 500 mil células somáticas por mililitro. A propriedade de Marques vinha se mantendo nesse limite. Mas a Cooperativa para a qual o produtor entrega o leite é mais rigorosa e penaliza, com menor preço, o leite com mais de 350 mil células somáticas por mL de leite. Até agosto de 2021, o leite produzido na propriedade tinha um índice de 481 mil células somáticas por mL de leite. Com o controle leiteiro caiu para 234 mil. Com isso o produtor deixou uma situação onde era “penalizado” com um desconto de 4% pelo litro de leite pago mensalmente, e começou a ter uma “bonificação” de 4%. Ao fim do mês houve uma sobra de R$ 1.261,56, apenas com a redução do número de células somáticas. Para Nass, que presta assistência a Marques, todo o cuidado do produtor refletiu em um aumento de produção e na exploração de todo o potencial dos animais. "Além disso, o controle leiteiro garantiu um leite de mais qualidade e o produtor passou a receber por isso", ressaltou.
O zootecnista Raphael Moreira acredita que em situações como a atual, quando o custo de produção se eleva, exige que o produtor procure meios para aumentar a eficiência da produção e o controle leiteiro pode ajudar neste aspecto. "Cada centavo faz diferença, mas muitas vezes o produtor acaba por desconhecer esta ferramenta e seus benefícios, deixando de utilizá-la e aplicá-la em sua propriedade", concluiu o extensionista. Todas as amostras do leite da UR de Ivaí foram analisadas pela Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH), em Curitiba.
As informacões são do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná.